
Segurança do paciente em foco marca a programação da tarde no 1º Congresso de Enfermagem do HAB
Debates sobre cultura organizacional, protocolos clínicos e prevenção de eventos adversos reforçam o papel estratégico da enfermagem na sustentabilidade da saúde suplementar
A segunda parte da programação do 1º Congresso de Enfermagem da Rede Adventista de Saúde do Pará foi dedicada à segurança do paciente, uma das bases da sustentabilidade na saúde suplementar. As discussões aconteceram na tarde desta segunda-feira (27), no auditório do Hospital Adventista de Belém (HAB), com participação ativa do público e especialistas reconhecidos em gestão da qualidade.

Palestra destaca cultura organizacional como alicerce da segurança
Abrindo o turno da tarde, a enfermeira Dra. Leda Bellini, gerente corporativa de Qualidade e Segurança Assistencial do Grupo Notre Dame Intermédica, conduziu a palestra “A Importância da Cultura de Segurança na Saúde Suplementar”. Especialista em Administração Hospitalar e Avaliadora Sênior de metodologias internacionais, a palestrante reforçou que a segurança do paciente precisa estar incorporada ao DNA das instituições.
“Criar uma cultura de segurança é mais do que seguir protocolos — é assumir um compromisso coletivo com a vida. O evento adverso não é apenas um desvio técnico; é uma experiência humana, vivida pelo paciente, pelo profissional e pelos familiares. Não pensemos o erro como individual. Muitas vezes, ele está nos processos que não estão seguros”, destacou Dra. Leda.
Painel interativo traz a experiência prática da enfermagem
Na sequência, o painel “Segurança do Paciente na Prática: O Papel da Enfermagem na Prevenção de Eventos Adversos” proporcionou uma troca direta entre os participantes e os profissionais que atuam diariamente nos bastidores do cuidado.
A gerente de Enfermagem do HAB, Gisele Souza, enfatizou o uso de escalas como ferramenta para prevenir riscos e orientar condutas. “Segurança do paciente não é só seguir protocolo. É perceber, avaliar, adaptar e agir com base em dados. A enfermagem é guardiã desses detalhes”, afirmou.

Para o enfermeiro Sidney Monteiro, gerente do (Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde) SCIRAS, os profissionais de enfermagem ocupam um papel-chave na vigilância de processos críticos. “A enfermagem está em contato direto com o paciente em tempo integral. São os primeiros a detectar sinais de alerta, muitas vezes antes de qualquer resultado laboratorial. Por isso, investir na capacitação contínua da equipe é investir na segurança.”
Moderação técnica e envolvimento do público
O painel foi mediado pela Dra. Paulicéia Neves, especialista em terapia intensiva e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Saúde na Amazônia, da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Ela conduziu a conversa com perguntas provocativas e incentivo à participação do público, que contribuiu com perguntas, experiências e sugestões para a prática assistencial.
Para a participante Aline Matos, enfermeira especialista em Neonatologia pela UFPA, a segurança do paciente ainda é um tema novo para muitos profissionais. Para ela, congressos como o promovido pelo HAB são fundamentais para discutir temas que nem sempre são aprofundados na academia. “Mais do que ter protocolos, é preciso que eles funcionem. E isso só acontece quando há uma cultura de aprendizado, não de punição. O erro precisa ser visto como uma oportunidade de melhoria, não como um fracasso individual.”

Congresso destaca protagonismo técnico e missão espiritual da enfermagem na Amazônia
No painel sobre padronização de práticas para eficiência nos serviços de saúde, foi apresentado a experiência Close to Zero e o time de terapia infusional. A enfermeira Fernanda Trindade destacou a importância do time de terapia infusional como diferencial estratégico na assistência. “Uma equipe exclusiva permite foco, qualificação contínua e aplicação efetiva das boas práticas, com impacto direto na segurança do paciente e na redução de custos”, afirmou. Segundo ela, apresentar essa experiência no Congresso reforça o protagonismo técnico da enfermagem na região.

Encerrando a programação do primeiro dia, o Talk Show “Missão que cura: Da floresta à esperança” trouxe uma reflexão inspiradora sobre o papel da fé e da missão no exercício da enfermagem. O pastor André Dantas, presidente da União Norte Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia, convidou os participantes a olharem para além da técnica, resgatando o sentido mais profundo do cuidar: servir com propósito, compaixão e esperança, mesmo diante dos maiores desafios da região amazônica.